Um Derby pleno de emoções 

Domingo, no Hipódromo da Gávea, foi disputado o páreo mais importante do turfe carioca (ao lado do GP Brasil), GP Cruzeiro do Sul (GI), terceira prova da Tríplice Coroa, para produtos de 3 anos (nenhuma potranca foi inscrita), correspondente carioca do Derby de Epsom. Como em todo o turfe onde a tradição vale mais que o comércio, em 2.400 metros.  

Assumindo a liderança da turma, com méritos, IVOIRE foi o brilhante vencedor, mostrando perfeita adaptação ao percurso, quebrando o recorde assinalado em 2001 por sua irmã paterna Coray. Feito digno de nota. Em  segundo lugar, corrido de trás, também em excelente exibição, pois teve embaraços na reta, terminou QUATRO MARES (Jules). Um pouco afastado, FATAL POLINO (Trempolino) foi o terceiro, um corpo à frente de REALEJO (Clackson), que correu na ponta. Em quinto, DEAR–EST (Fantastic Dancer), dominando por pequenas diferenças For Pleasure, Alcazar e Quick Road. Este, por sua campanha, toda desenvolvida com sucesso na esfera clássica, infelizmente não correu o que sabe, entrando descolocado pela primeira vez. Normalmente, deveria chegar entre os três primeiros, os quais, é bom que se diga, estão em ascensão, pois não foram muito exigidos nas primeiras atuações.

Após a conquista do consagrador triunfo, a emoção tomou conta de todos, principalmente do jóquei Jorge Ricardo, ganhador do Derby também  com Sandpit, Vernier, Gigli, License To Run e Herói do Bafra, e do treinador José Ferreira dos Reis, ganhador como jóquei de Itajara. Ivoire, criação do Haras São José e Expedictus e propriedade do Stud Rio Calçado, marcou tempo excepcional: 2Â’23”52, na grama macia. Foi a quinta vitória, segunda clássica de Grupo I, em 10 apresentações. Parece haver a intenção de poupar o potro de uma viagem para correr o GP São Paulo, mês que vem. 

Know Heights, pai do vencedor e sem dúvida um dos melhores reprodutores em atividade no Brasil, descende do fenômeno Phalaris, por via paterna, ramo de Pharos–Nearco–Nasrullah–Never Bend–Mill Reef–Shirley Heights. Além de Ivoire, produziu, entre outros, Colina Verde, Coray, Queen Desejada, Aviación, Nepotista etc. Chan Tong (Hampstead), mãe de Ivoire, ganhou os GPs Zélia Gonzaga Peixoto de Castro (GI) e Antônio Carlos Amorim (GIII). A segunda mãe, Paraytinga (Itajara), é irmã inteira de Spring Star e materna de Verinha, ganhadoras de provas de grupo no Brasil e que igualmente produziram ganhadores clássicos nos Estados Unidos. Siphon, um dos maiores cavalos brasileiros de todos os tempos, pertence a esta linha materna.

Imperial Bird, de ponta a ponta

Sexta–feira, no Hipódromo do Tarumã, Curitiba, foi corrido o Derby Paranaense (GIII), na areia, última prova da Tríplice Coroa local, para produtos de 3 anos.

Êxito autoritário de IMPERIAL BIRD (Burooj e Dolly Bird, por Seattle Song), que vencera a primeira prova e se colocara em terceiro na segunda. Deixou PAU BRASIL (Belo Colony) na dupla, a mais de um corpo, com SCOZ (Kahyasin) a seguir, a dois corpos. Houve reclamação do jóquei da terceira contra o de Pau Brasil, mas o páreo foi confirmado. Completaram o marcador MIDNIGHT BLUE (Pleasant Variety) e FOGONAROUPA (Clackson), este novamente não confirmando a vitória obtida no GP Paraná.

Imperial Bird, criação do Haras Mignon e propriedade do Haras Moenda de Itatiba, foi dirigido por Leandro Chimenes e é treinado por Carlos Pereira Gusso. Os 2.000 metros foram percorridos em 2Â’11”, tempo razoável.

Normabelle conquista bicampeonato

Voltando ao Hipódromo da Gávea, também no domingo foi realizado o GP Associação dos Criadores e Proprietários de Cavalos de Corridas do Rio de Janeiro (GIII), para produtos de 3 anos e mais idade, em 1.000 metros.  

Correram seis éguas e cinco cavalos. E nas cinco primeiras colocações, quatro fêmeas. Fica, então, a pergunta que faço há muito tempo: Por que  clássicos de velocidade exclusivos para fêmeas se elas correm de igual para igual contra os machos? Mais uma vez, prevaleceram NORMABELLE (Punk e Bay City, por Señor Pete), de 4 anos, e SUPER DUDA (Notation), de 3. A diferença entre as duas, focinho. HEPTA CAMPEÃO (Notation) foi terceiro a menos de dois corpos, e I LOVE CHEESECAKE (Punk), a quarta. Ambos têm 3 anos. RANGER GIRL (Midnight Tiger), um ano mais velha, completou o marcador. Quartieri, agora, decepcionou completamente. 

Normabelle, criação do Haras Ponta Porã e propriedade do Haras Fort Champion, foi conduzida por Jorge Leme e apresentada por Hélio Cunha. Para a turma, o tempo foi regular: 55”39, na grama macia, quando todos esperavam recorde. Foi a oitava vitória, quarta clássica, inclusive neste mesmo GP, em 2006, em 12 atuações.

Prodo, uma grande surpresa

Ainda no Hipódromo da Gávea, mas no sábado, foi corrido o Clássico Outono (L) – Taça Barão do Rio Branco, para produtos de 3 anos e mais idade, em 1.600 metros, grama.  

Triunfo surpreendente do maior azar do páreo, PRODO (Nedawi e Property, por Equalize). Prestes a completar 5 anos, em 25 atuações tinha apenas três vitórias, duas em claiming, sem nenhuma colocação clássica. Pode ser mais um caso de evolução tardia. Derrotou por quase dois corpos a potranca QUIERASQUENO (Choctaw Ridge), com FALA MANSA (Notation) e FIORENTINO (Inexplicable), ambos de 3 anos, a idade da  segunda colocada. Chegaram os três separados por pequenas diferenças. Completando o marcador, MEGABUCKS (Royal Academy), de 5 anos. Starve Runner correu pouco.

Prodo, criação do Haras Campestre e propriedade do Stud Daltex, teve como  piloto Acedenir Gulart, em substituição a Rodrigo Dias Lepre dos Santos, e foi apresentado por Oswaldo Ulloa Neto. Tempo excelente: 1Â’33”09, na pista leve.

Zaya vence com autoridade

Sábado foi corrida em Cidade Jardim a Prova Especial Francesco Battista Giobbi, na areia, em 1.200 metros, para éguas de 3 anos e mais idade, páreo sem qualquer atrativo, sem nenhuma importância. Um pesos especiais com título, dos inúmeros que existem no Rio e em São Paulo.  

Vitória firme de ZAYA (Norba e Great Majesty, por Land Force), 3 anos, sobre SANDY STAR (Shudanz), da mesma idade. Lutando pela terceira colocação DONNA DI NAPOLI e TOMORROW MORNING, de 4 anos, filhas de First American. FESTA VIP (Inexplicable), completou o marcador, longe.  

Zaya, criação do Haras Mariana e propriedade do Stud Ak, teve a condução de José Aparecido e é treinada por Gilson Borba. Tempo: 1Â’12”190, na pista molhada.

Nedawi, o pai de Faz de Conta

Por um lapso, semana passada não fiz um comentário mais extenso sobre o pai de Faz de Conta, vencedora do GP Zélia Gonzaga Peixoto de Castro (GI). Na verdade, Nedawi, com vários ganhadores de grupo, como Ever Love, Core Business, Quick As Ray, Fuco etc., em apenas três gerações, está demonstrando ser garanhão de primeira linha. É ele mais um descendente de Phalaris, por via paterna, ramo de Pharos–Nearco–Nasrullah–Red God–Blushing Groom–Rainbow Quest.

Avaliação das provas clássicas

O GP Cruzeiro do Sul, embora esteja bem acima da maioria das carreiras desenroladas no Rio de Janeiro, também não foi um autêntico Grupo I. De qualquer forma reuniu um número interessante de competidores, com destaque de Quick Road e Ivoire, ganhadores de Grupo I, mais Quatro Mares e Alcazar. E entre os 15 inscritos somente três não tinham colocação clássica.

O Derby Paranaense (GIII), apesar de ter uma dotação um pouco melhor, em termos de turfe regional, não atraiu o interesse dos proprietários dos melhores potros paulistas. Com exceção de Fogonaroupa, vencedor do GP Paraná (GI), apenas dois ganhadores clássicos.

O GP Associação de Criadores e Proprietários de Cavalos de Corrida do Rio de Janeiro (GIII), correspondeu à sua classificação. Dos participantes, só um não tinha colocação clássica.

O Clássico Outono (L) – Taça Barão do Rio Branco, apesar da presença de um ganhador de Grupo II, foi fraco, tecnicamente.

Próximas atrações

Rio de Janeiro

Domingo será disputado o GP João Borges Filho (GII), em 2.400 metros, grama, páreo importante por ser o último teste carioca para o GP São Paulo, que se aproxima, mas que recebeu, este ano, inscrições de cavalos bem fracos.

São Paulo

Semana turfisticamente importante em São Paulo, pois estão programados, para a grama do Hipódromo de Cidade Jardim, três clássicos reunindo produtos de 3 anos e mais, os GPs Oswaldo Aranha, em 2.400 metros, Presidente Antônio Teixeira de Assumpção Netto, na milha, e  Presidente Fábio da Silva Prado, somente para fêmeas, em 2.000 metros.

Apesar de sempre receberem as inscrições dos melhores corredores paulistas com pretensões às provas de Grupo I da semana do GP São Paulo, as carreiras não são do Grupo II, e sim do Grupo III.

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